Um clássico da cultura e da cozinha do Estado de Goiás ganha uma variedade que não oferece risco aos iniciantes. O pequi sem espinhos, desenvolvido pela Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), abriu edital para a venda de mudas da variedade. As inscrições são voltadas a viveiristas e agricultores familiares e vão até o dia 31 deste mês.
Os lotes com seis mudas enxertadas, sendo três cultivares de pequizeiro com espinhos e três cultivares sem espinhos, são oferecidos pela Emater em parceria com a Embrapa Cerrados pelo valor de R$ 150 cada.
Pesquisa
O estudo vem sendo realizado há mais de vinte e cinco anos, e começou em uma fazenda. Em uma propriedade foram encontradas mudas de uma espécie diferente de pequi, o pequi sem espinhos. A partir dessa descoberta, pesquisadores realizaram um clone da planta. O pesquisador da Embrapa Cerrado, Ailton Pereira, explica como foi desenvolvido a nova variedade da planta.
“Ao longo do trabalho que nós fomos desenvolvendo, apareceu a notícia de um pequi sem espinho. Durante anos nós avaliamos esse material dentro da instituição até chegar ao ponto que vale a pena. Então, tem uma cultivar que é originada dessa planta mãe e tem mais duas cultivadas que são filhas dessa planta mãe. Viemos pra dentro da instituição de semente, aí cresceu, avaliou, constatou aquela sem espinho”, conta Ailton.
Cada viveirista poderá adquirir de cinco a dez lotes por CNPJ, enquanto agricultores familiares poderão adquirir até dois lotes por CPF. Para obter as mudas, é necessário que os produtores tenham inscrição ativa no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) ou cadastro de acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), por meio do Cadastro Nacional de Agricultura Familiar (CAF/DAP).
Símbolo da cultura Goiana
No estado de Goiás, o fruto é símbolo da cultura local. O pequi está nos corações dos apaixonados pelo fruto. Para se ter uma ideia, existe em Goiás uma lei que proíbe que sejam derrubados os pequizeiros.
Além disso, o fruto gera riqueza para o estado. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no estado foram extraídas 2,8 mil toneladas de pequi em 2021, produção 8,1% superior a 2020 (2,6 mil toneladas), representando 96,7% de toda a extração de produtos alimentícios de Goiás. Esse montante gerou R$ 3,9 milhões de reais em valor de produção, o que corresponde a 19,85% do valor de produção total na extração vegetal em Goiás.
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Amor e ódio
O pequi é um dos frutos do Cerrado que mais dividem opiniões, pois há quem ame e há quem odeie. O fruto oleaginoso, de polpa amarela e aroma marcante, é um dos principais ingredientes da culinária goiana. Pode ser encontrado em receitas, como a galinhada, frango com quiabo e até mesmo em preparos, como pimenta ou sorvete.
Apesar de ser goiano, o autônomo Fábio Póvoa, não aprecia o fruto. “E o tal do pequi, quem gosta, gosta mesmo, já quem não gosta, como meu caso, não suporta nem o cheiro”, conta.
Já o torneiro industrial Wesley da Silva discorda, para ele o fruto é o melhor do cerrado. “É o cardápio típico daqui de casa. Na minha opinião é o melhor fruto do cerrado”, declara.
O chefe de cozinha e estudioso dos frutos do cerrado Francisco Ansiliero utiliza o pequi em suas receitas. Para ele, essa nova cultivar irá facilitar os pratos que utilizam o fruto. “Tem gente que tem medo dos espinhos, pois é claro que é muito difícil de comer. Você tem que comer raspando devagarinho para não se machucar com o caroço”, relata.
Para adquirir as mudas do novo pequizeiro, que dá frutos sem espinhos, basta acessar o link
https://www.emater.go.gov.br/wp/aquisicao_mudas_de_pequi/
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