A Receita Federal e a Polícia Federal deflagraram, na manhã desta quarta-feira (19), a Operação “La Casa de Papel”. O nome da operação foi dado em razão de alguns dos investigados possuírem a nacionalidade espanhola e terem criado ficticiamente o seu próprio banco e a sua própria “casa da moeda”, semelhante a série.
A ação visa desarticular organização criminosa responsável por implementar um esquema de pirâmide financeira transnacional em mais de 80 países. Ademais, praticaram crimes contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, usurpação de bens públicos, crime ambiental e estelionato como instituição financeira.
Os agentes cumprem mandados de bloqueio no valor de 20 milhões de dólares e sequestros de dinheiro em contas bancárias.
Além disso, apreenderam imóveis de altíssimo padrão, 100 cabeças de gado, 75 ovelhas, veículos, ouro, joias, artigos de luxo, mina de esmeraldas, lanchas e criptoativos em posse das pessoas físicas e jurídicas investigadas.
Operação
As investigações foram iniciadas após prisão em flagrante de dois componentes do grupo e seu segurança particular, em 2021, na cidade de Dourados (MS), transportando US$ 100.000 em pedras preciosas (esmeraldas), sem a documentação comprobatória.
Com o andamento das investigações, foi possível verificar que os envolvidos possuíam relação com uma entidade religiosa, o que possibilitou a identificação de outros envolvidos.
Constatou-se que os investigados criaram uma rede de seguidores e colaboradores na internet, causando prejuízos a “investidores” brasileiros, europeus e, principalmente, residentes da América Latina.
O esquema movimentou recursos da ordem de milhões de dólares e prejuízos para mais de 1,3 milhão de pessoas em todo o mundo.
Modo de agir
A Operação descobriu que os investigados, faziam utilização massiva de redes sociais, marketing, reuniões por diversos estados e países, além de contarem com estrutura e apoio de entidade religiosa pertencente a um deles. Dessa maneira, captavam recursos e ofereciam pacotes de investimentos/aportes financeiros desde 15 dólares a 100 mil dólares, com promessa de ganhos diários em percentuais altíssimos.
Embora divulgassem em redes sociais que estavam amplamente legalizados na Estônia e que seriam sócios de duas instituições financeiras, todas as empresas do grupo não existiam de fato.
Os investigados não tinham qualquer autorização para a captação e gestão dos recursos levantados no Brasil, na Estônia, ou em qualquer outro país. Ademais, ainda tiveram diversos alertas de órgãos financeiros em vários países.
De acordo com a Polícia, por meio de sites e aplicativos que mantinha nas redes sociais, a organização criminosa prometia que os investimentos seriam multiplicados em ganhos diários, que poderiam chegar a até 20% ao mês e mais de 300% ao ano.
Tudo isso fora feito através de transações no mercado de criptoativos por supostos “traders” a serviço da empresa.
Em seguida, multiplicariam o capital investido , proporcionando ganhos percentuais sobre os valores investidos por novas pessoas que eram atraídas para o esquema.
A prática ilegal se tornou mais sofisticada no curso dos crimes, englobando supostos investimentos decorrentes de lucros advindos de minas de diamantes e esmeraldas que a empresa teria no Brasil e no exterior, em mercado de vinhos, de viagens, em usina de energia solar e usina de reciclagem, entre outros.
Dessa maneira, para movimentação do dinheiro, foram utilizadas as contas bancária dos investigados, empresas de fachada, parentes, além de terceiros ligados ao grupo. Além disso, contou com a auxílio de uma entidade religiosa que, sozinha, movimentou mais de R$ 15 milhões, sendo também utilizada para captar investidores, buscando a ocultação e lavagem de dinheiro dos recursos.
Clientes reclamaram
Contudo, após alta meteórica e especulativa promovida pelos investigados, as criptomoedas perderam todo o valor de mercado e a moeda “faliu”.
Logo após a queda, as redes sociais passaram a ser inundadas por milhares de reclamações em inúmeros sites no Brasil e em outros países. Os clientes buscavam recuperar o dinheiro investido, porém sem sucesso.
De acordo com a Polícia, os organizadores do esquema criaram narrativas de problemas no mercado de criptomoedas, prejuízos financeiros, problemas nos sistemas e sites da empresa e de que iriam pagar os valores com um novo sistema em desenvolvimento.
Além disso, falsificaram notícias constantemente lançadas de que alguns investidores estariam normalmente transacionando e recebendo valores junto à empresa.
Apreensões da operação
Por fim, a Polícia Federal expediu seis mandados de prisão preventiva contra os líderes da organização criminosa e 41 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande/MS, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina.
16 veículos
100 cabeças de gado
75 ovelhas
268 kg de Pedras verdes que se assemelham a esmeraldas, aguardando perícia e avaliação
21000 reais
9250 Dólares americanos
1280 Euros
250 mil dólares americanos em cripto ativos
Joias e relógios e canetas
35 Celulares
15 Computadores
Equipamentos eletrônicos
Documentos